Nascido em Atei, no Concelho de Mondim de Basto, Domingos Oliveira nunca deixou de sentir o agreste do clima e a infância vivida entre as altas e duras fragas.
Em 1968, depois de cumprir o serviço militar em Luanda, numa África onde a guerra era a visão diária e as balas a vizinhança permanente, o futuro escultor chega a Lisboa para lutar pela sua sobrevivência e pelo sonho de então: cantar o fado de Coimbra.
Anos e anos a trabalhar numa grande empresa nacional, rescinde o contrato, quebrando com o trabalho burocrático de secretaria, já que em 1979 se integra no "atelier" de um artista plástico.
Com ajuda deste começa a esboçar os primeiros movimentos no barro.
Mãos sujas de uma terra maleável, de uma pasta doce e benévola.
De uma matéria que se deixa conduzir...
Fica fascinado. É um aluno atento e humilde, mesmo quando o professor grita e desespera. Um aluno que sabe que vai vencer.
Em 1980 organiza a sua primeira exposição na cidade de Santarém.
Já não pode parar. O triunfo tem o doce sabor do mel.
Curiosamente, anos depois, ao olharmos essas peças sentimos como elas eram primitivas. Mas foram um ponto de partida. Um estudo de formas e materiais.
As fundições em Portugal nunca corresponderam ao seu critério de rigor e só em Madrid consegue juntar fundição. acabamento e patine no grau de perfeição desejado.
A seguir o voo intensifica-se. Duas ou mais exposições anuais, encomendas privadas e oficiais, o aplauso da crítica e do público.
Não esquece o sonho do fado de Coimbra. Já se estreou ao lado da guitarra e da viola.
Domingos Oliveira: dois artistas no mesmo homem!
Fonte: "Infância de Pedras" Poesias de Domingos Oliveira
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